32º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum (semana IV do saltério)
A liturgia deste Domingo propõe-nos uma reflexão sobre os horizontes últimos do homem e garante-nos a vida que não acaba.Na primeira leitura, temos o testemunho de sete irmãos que deram a vida pela sua fé, durante a perseguição movida contra os judeus por Antíoco IV Epifanes. Aquilo que motivou os sete irmãos mártires, que lhes deu força para enfrentar a tortura e a morte foi, precisamente, a certeza de que Deus reserva a vida eterna àqueles que, neste mundo, percorrem, com fidelidade, os seus caminhos.No Evangelho, Jesus garante que a ressurreição é a realidade que nos espera. No entanto, não vale a pena estar a julgar e a imaginar essa realidade à luz das categorias que marcam a nossa existência finita e limitada neste mundo; a nossa existência de ressuscitados será uma existência plena, total, nova. A forma como isso acontecerá é um mistério; mas a ressurreição é uma certeza absoluta no horizonte do crente.Na segunda leitura temos um convite a manter o diálogo e a comunhão com Deus, enquanto esperamos que chegue a segunda vinda de Cristo e a vida nova que Deus nos reserva. Só com a oração será possível mantermo-nos fiéis ao Evangelho e ter a coragem de anunciar a todos os homens a Boa Nova da salvação.
Hoje a Igreja celebra : Beato Vicente Grossi, presbítero, fundador, +1917,
Maria, Medianeira de todas as Graças
O culto à intercessão de Maria e à sua função de mediadora e distribuidora de graças redentoras nasceu no século IV. Podemos afirmar que todas as graças que pedimos chegam até nós pela mediação de Maria. Daí o título de Mãe da Igreja, proclamado por Paulo VI em 1964.É muito generalizada, entre os católicos, a crença no poder intercessor de Maria. Mediante Ela, as petições dos homens sobem da terra ao céu, e por Ela desce à terra tudo o que lhe é outorgado no céu. A mediadora das graças fala ao seu Divino Filho numa linguagem clara, precisa, directa, para apresentar-lhe os pedidos e desejos que os seus filhos da terra elevam, sem cessar, através das orações, ao longo dos séculos, em todas as latitudes, raças e línguas.O Evangelho apresenta-a como a mediadora que obtém do seu Filho o primeiro milagre público: a conversão da água em vinho, nas bodas de Caná. É a intermediária entre Jesus e São João Batista, santificado antes de nascer. E enquanto a Virgem orava no cenáculo, desceu sobre ela e os apóstolos o Espírito Santo.É na Ave-Maria onde melhor lhe expressamos a nossa devoção: “Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”.
LEITURAS
Livro de 2º Macabeus 7,1-2.9-14.
Aconteceu também que um dia foram presos sete irmãos com a mãe, aos quais o rei, por meio de golpes de azorrague e de nervos de boi, quis obrigar a comer carnes de porco, proibidas pela lei. Um deles, tomou a palavra e falou assim: «Que pretendes perguntar e saber de nós? Estamos prontos a antes morrer do que violar as leis dos nossos pais.» Prestes a dar o último suspiro, disse: «Ó malvado, tu arrebatas-nos a vida presente, mas o rei do universo há-de ressuscitar-nos para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis.» Depois deste, torturaram o terceiro, o qual, mal lhe pediram a língua, deitou-a logo de fora e estendeu as mãos corajosamente. E disse, cheio de confiança: «Do Céu recebi estes membros, mas agora menosprezo-os por amor das leis de Deus, mas espero recebê-los dele, de novo, um dia.» O próprio rei e os que o rodeavam ficaram admirados com o heroísmo deste jovem, que nenhum caso fazia dos sofrimentos. Morto também este, aplicaram os mesmos suplícios ao quarto, o qual, prestes a expirar, disse: «É uma felicidade perecer à mão dos homens, com a esperança de que Deus nos ressuscitará; mas a tua ressurreição não será para a vida.»
Livro de Salmos 17,1.5-6.8.15.
Ouve, SENHOR, a minha causa justa, atende ao meu clamor. Escuta a minha oração, que não sai de lábios mentirosos.Dirigi os meus passos por duras veredas; os meus pés não vacilaram nos teus caminhos.Eu te invoco, ó Deus; responde me! Inclina para mim o ouvido, escuta as minhas palavras.Guarda me como à pupila dos teus olhos; esconde me à sombra das tuas asas,Eu, porém, pela justiça, contemplarei a tua face e, ao despertar, serei saciado com a tua presença.
2ª Carta aos Tessalonicenses 2,16-17.3,1-5.
O próprio Senhor Nosso Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, uma consolação eterna e uma boa esperança, consolem os vossos corações e os confirmem em toda a obra e palavra boa. Quanto ao resto, irmãos, orai por nós para que a palavra do Senhor avance e seja glorificada como o é entre vós, e para que sejamos libertados dos homens perversos e malvados, pois nem todos têm fé. Mas fiel é o Senhor que vos confirmará e vos protegerá do mal. A respeito de vós, temos confiança no Senhor em que já fazeis e continuareis a fazer o que vos ordenamos. O Senhor dirija os vossos corações para o amor de Deus e para a constância de Cristo.
Aproximaram-se alguns saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no: «Mestre, Moisés prescreveu nos que, se morrer um homem deixando a mulher, mas não tendo filhos, seu irmão casará com a viúva, para dar descendência ao irmão. Ora, havia sete irmãos: o primeiro casou-se e morreu sem filhos; o segundo, depois o terceiro, casaram com a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram sem deixar filhos. Finalmente, morreu também a mulher. Ora bem, na ressurreição, a qual deles pertencerá a mulher, uma vez que os sete a tiveram por esposa?» Jesus respondeu-lhes: «Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se; mas aqueles que forem julgados dignos da vida futura e da ressurreição dos mortos não se casam, sejam homens ou mulheres, porque já não podem morrer: são semelhantes aos anjos e, sendo filhos da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para Ele, todos estão vivos.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo Comentário à Carta aos Romanos, 4, 7; PG 14, 985
«Sendo filhos da ressurreição, são filhos de Deus»
No último dia, a morte será vencida. Após o suplício da cruz, a ressurreição de Cristo contém misteriosamente a ressurreição de todo o Corpo de Cristo. Assim como o corpo palpável de Cristo foi crucificado, amortalhado e, de seguida, ressuscitado, assim também todo o Corpo dos santos de Cristo foi crucificado com ele e já não vive em si. Mas quando chegar a ressurreição do verdadeiro Corpo de Cristo, do Seu Corpo total, então os membros de Cristo, agora semelhantes a ossadas ressequidas, serão reunidos articulação por articulação (Ez 37, 1 ss.), cada um encontrando o seu lugar, para que «cheguemos todos ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo» (Ef 4, 13). Então, a multidão dos membros será um só corpo porque todos pertencem ao mesmo corpo (Rom 12, 4).
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