Sábado da 2a semana do Advento
Hoje a Igreja celebra : S. Dâmaso I, papa, +384, S. Juan Diego, indígena mexicano, vidente de Guadalupe, séc. XVI
LEITURAS
Livro de Eclesiástico 48,1-4.9-11.
Levantou-se, depois, o pro-feta Elias, impetuoso como o fogo; as suas palavras eram ardentes como um facho. Fez vir sobre eles a fome e, no seu zelo, reduziu-os a poucos. Com a palavra do Senhor fechou o céu e assim fez cair fogo por três vezes. Quão glorioso te tornaste, Elias, pelos teus prodígios! Quem pode gloriar-se de ser como tu? tu foste arrebatado num redemoinho de fogo, num carro puxado por cavalos de fogo; tu foste escolhido, nos decretos dos tempos, para abrandar a ira antes de enfurecer, reconciliar os corações dos pais com os filhos e restabelecer as tribos de Jacob. Felizes os que te viram e os que morreram no amor; pois, nós também viveremos certamente.
Livro de Salmos 80(79),2-3.15-16.18-19.
Ó pastor de Israel, escuta, Tu que conduzes José como um rebanho, Tu que tens o teu trono sobre os querubiMostra a tua grandeza às tribos de Efraim, Benjamim e Manassés! Desperta o teu poder e vem salvar nos!Ó Deus do universo, volta, por favor, olha lá do céu e vê: cuida desta vinha!Trata da cepa que a tua mão direita plantou, dos rebentos que fizeste crescer para nós.Mas estende a tua mão sobre o teu escolhido, sobre o homem que para ti fortaleceste.E nunca mais nos afastaremos de ti; conserva nos a vida e invocaremos o teu nome.
Os discípulos fizeram a Jesus esta pergunta: «Então, porque é que os doutores da Lei dizem que Elias há-de vir primeiro?» Ele respondeu: «Sim, Elias há-de vir e restabelecerá todas as coisas. Eu, porém, digo vos: Elias já veio, e não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão de fazer sofrer o Filho do Homem.» Então, os discípulos compreenderam que se referia a João Baptista.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja Oeuvres, ed. Assemani, t. 1, p. 486 (a partir da trad. Thèmes et figures, DDB 1984, coll. Pères dans la foi 28-29, p. 285)
«Eis que o Senhor vai passar. Nesse momento, passou diante dele um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o Senhor não estava naquele vento» (1Rs 19, 11). Em seguida, após o furacão, ocorreram tremores de terra e relâmpagos; Elias percebeu que Deus também não estava ali. O objectivo destes fenómenos era o de conter o zelo, aliás louvável, do profeta nos limites da sua responsabilidade e ensinar-lhe, a exemplo dos sinais da autoridade divina, que a severidade devia ser temperada com misericórdia. De acordo com o sentido oculto, os turbilhões de vento que precederam a vinda de Deus, os tremores de terra, os incêndios ateados pelos ventos, eram sinais precursores do juízo universal. [...]«Após o fogo, ouviu-se um murmúrio». Através deste símbolo, Deus refreia o zelo imoderado de Elias. Com isto quer dizer-lhe: «Vês que os ventos impetuosos não Me agradam, nem os terríveis tremores de terra, e que também não gosto dos relâmpagos e dos raios: porque não imitas a doçura do teu Deus? Porque não abrandas um pouco esse zelo que te consome, a fim de te tornares protector dos homens do teu povo, em vez de seres seu acusador?» O doce murmúrio representa a alegria da vida bem aventurada que será dada aos justos quando, no fim dos tempos, tiver lugar o temível juízo final. [...]«Após ter escutado este murmúrio, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou de pé à entrada da gruta e eis que uma voz lhe falou: 'Elias, que fazes aqui?' Ele respondeu: 'Sinto um zelo ardente pelo meu Senhor, o Deus dos exércitos, pois os filhos de Israel abandonaram a Tua aliança'». O profeta manteve-se à entrada da gruta, sem ousar aproximar-se de Deus que chegava, e cobriu o rosto, pensando que não era digno de ver Deus. [...] No entanto, tinha perante os seus olhos um sinal da clemência divina e, facto que devia tê-lo tocado ainda mais, passava pessoalmente pela experiência da bondade maravilhosa de Deus nas palavras que Ele lhe dirigia. Quem não ficaria seduzido pela benevolência de uma tão grande majestade, por uma pergunta tão doce: «Elias, que fazes aqui?»
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