8º Domingo do Tempo Comum - Ano A
Oitavo Domingo do Tempo Comum
O desejo de adquirir ou aumentar os bens materiais é legítimo: corresponde às exigências da dignidade humana. Na verdade, para a realização da pessoa e da sociedade, a riqueza e a ordem económica são tão importantes que o desenvolvimento do indivíduo e da família está condicionado pelas suas possibilidades económicas. Por isso, o mesmo "Deus destinou a terra, com tudo o que ela contém, para uso de todos os homens e povos" (G. S.,6). Necessários como um meio, não podem os bens materiais transformar-se num fim, a que tudo se sacrifica. Acima de tudo está o Reino de Deus. O cristão não cai, por isso, no culto da riqueza que domina e escraviza tantos homens. Não usa meios injustos para adquirir a riqueza. No uso dos bens materiais, não se deixa guiar pelo egoísmo. Numa sociedade, em que, tão prodigiosamente, aumentam os recursos materiais, sem que deixe de subsistir a mais escandalosa miséria, o cristão pratica a justiça social, põe em prática a comunicação cristã de bens e promove o progresso social na ordem económica, para que todos os homens possam viver uma vida digna de filhos de Deus.
Hoje a Igreja celebra : S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores, confessor, +1862, S. Leandro, bispo, +600
LEITURAS
Livro de Isaías 49,14-15.
Sião dizia: «O SENHOR abandonou-me, o meu dono esqueceu-se de mim.» Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.
Livro de Salmos 62(61),2-3.6-7.8-9.
Só em Deus descansa a minha alma; dele vem a minha salvação.Só Ele é o meu refúgio e a minha salvação, a minha fortaleza: jamais serei abalado.Só em Deus descansa a minha alma, dele vem a minha esperança.Só Ele é o meu refúgio e salvação, a minha fortaleza; jamais serei abalado.Em Deus está a minha salvação e a minha glória, Ele é o meu rochedo seguro e o meu refúgio.Confiai nele, ó povos, em todo o tempo, desafogai nele o vosso coração. Deus é o nosso refúgio.
1ª Carta aos Coríntios 4,1-5.
Considerem-nos, pois, servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se requer dos administradores é que sejam fiéis. Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano. Nem eu me julgo a mim mesmo. De nada me acusa a consciência, mas nem por isso me dou por justificado; quem me julga é o Senhor. Por conseguinte, não julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor. Ele é quem há-de iluminar o que se esconde nas trevas e desvendar os desígnios dos corações. E então cada um receberá de Deus o louvor que merece.
Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.» «Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos preocupeis, dizendo: 'Que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos?’ Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por São Vicente de Paulo (1581-1660), presbítero, fundador de comunidades religiosas Conferência de 21/02/1659 (trad. a partir de Seuil 1960, p. 547)
Procurai primeiro o reino de Deus
«Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo.» [...] Por conseguinte é dito que procuremos o reino de Deus. «Procurai-o» é apenas uma palavra, mas parece-me significar muitas coisas. Quer dizer [...] trabalhar incessantemente para o reino de Deus, e não permanecer num estado ocioso e estático, prestar atenção ao interior para bem o regrar, e não aos divertimentos exteriores. [...] Procurai a Deus dentro de vós, visto que Santo Agostinho confessa que, enquanto O procurou fora dele, não O encontrou. Procurai na vossa alma, como Sua morada agradável e base onde os Seus servos procuram pôr em prática todas as virtudes. A vida interior é imprescindível, e é necessário ampliá-la; se não tivermos vida interior, nada temos. [...] Procuremos tornar-nos interiores. [...] Procuremos a glória de Deus, procuremos o reino de Jesus Cristo. [...]«Mas [dir-me-ão] há tanto a fazer, tantos trabalhos em casa, tantos empregos na cidade, no campo; trabalho por toda a parte; será então necessário deixar tudo para pensar unicamente em Deus?» Não, mas é necessário santificar estas ocupações procurando a Deus nelas, e fazê-las para O encontrar, mais do que para as ver feitas. Nosso Senhor quer, antes de tudo, que procuremos a Sua glória, o Seu reino, a Sua justiça, e, por isso, que o nosso tesouro seja a vida interior, a fé, a confiança, o amor, os exercícios espirituais [...], os trabalhos e as dores com vista a Deus, nosso soberano Senhor. [...] Uma vez assim constituídos na procura da glória de Deus, temos a certeza de que o resto se seguirá.
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