Santo do dia : Beato Guilherme Horn, monge cartuxo, mártir, +1540, Santo Osvaldo, rei, +642
LEITURAS
Livro de Deuteronómio 4,32-40.
Moisé falou ao seu povo dizendo: «Na verdade, interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra. Pergunta se jamais houve, de uma extremidade à outra do céu, coisa tão extraordinária como esta, ou se jamais se ouviu coisa semelhante. Sabes, porventura, de algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando do meio do fogo, como tu ouviste, e tenha continuado a viver? Algum experimentou Deus a escolher para si um povo dentre outros povos, por meio de milagres, sinais e prodígios, combatendo com mão forte e braço estendido, com terríveis portentos, conforme tudo o que fez por vós o Senhor, vosso Deus, no Egipto, diante dos teus olhos? Tu viste e ficaste a conhecer que Ele, o Senhor, é Deus e que não há outro além dele. Do céu, fez-te ouvir a sua voz para te instruir; sobre a terra, mostrou-te a grandeza do seu fogo, e tu ouviste as palavras vindas do meio do fogo. E, porque amou os teus antepassados e escolheu a sua descendência depois deles, tirou-te do Egipto com a força do seu grande poder: desalojou, à tua frente, povos mais numerosos e mais fortes do que tu para te introduzir nas suas terras e dar-tas em herança, como acontece hoje. Reconhece, agora, e medita no teu coração, que só o Senhor é Deus, tanto no alto do céu como em baixo, sobre a terra, e que não há outro. Cumprirás, pois, as suas leis e os seus mandamentos, que eu hoje te prescrevo, para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e para que se prolongue a tua existência sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dará para sempre».
Livro de Salmos 77(76),12-13.14-15.16.21.
Tenho na memória os teus feitos, SENHOR, lembro me das tuas maravilhas de outrora. Penso em todas as tuas obras, medito nos teus prodígios. Ó Deus, os teus caminhos são santos. Que Deus haverá tão grande como Tu? Tu és o Deus que realiza maravilhas, manifestaste entre as nações o teu poder. Com a força do teu braço resgataste o teu povo, os descendentes de Jacob e de José. Conduziste o teu povo como um rebanho, pela mão de Moisés e de Aarão.
Naquele tempo, Jesus disse, então, aos discípulos: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Ou que poderá dar o homem em troca da sua vida? Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme o seu procedimento. Em verdade vos digo: alguns dos que estão aqui presentes não hão-de experimentar a morte, antes de terem visto chegar o Filho do Homem com o seu Reino.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja Vida de S. Francisco, Legenda Major, cap. 13
«Se alguém quiser vir Comigo [...] tome a sua cruz e siga-Me»
Dois anos antes da sua morte, Francisco percebeu que depois de ter imitado a Cristo durante a vida, devia agora também imitá-Lo na Sua Paixão. Isto em nada o assustou, tanto mais que, transportado para Deus pelos desejos dum arrebatamento absolutamente seráfico e transformado pela compaixão n'Aquele que, «pelo amor imenso» (Ef 2,4), quis ser crucificado, enquanto rezava numa certa manhã na encosta da serra que se chama Monte Alverne, por alturas da Festa da Exaltação da Santa Cruz, viu descer do céu um serafim com seis asas resplandecentes como lume. De uma assentada chegou perto do homem de Deus, e uma pessoa apareceu então por entre as suas asas: era alguém crucificado, com os braços e as pernas estendidos e pregados a uma cruz.Esta visão mergulhou Francisco no mais profundo assombro, uma vez que no seu coração se misturavam a tristeza e a alegria. Rejubilava com o olhar benevolente com o qual se viu estimado por Cristo na figura dum serafim, mas aquela crucifixão trespassava a sua alma de dor e de compaixão como uma espada (Lc 2,35). Desse modo, essa visão maravilhosa mergulhou-o na mais alta perplexidade, até porque sabia que um ser imortal como um serafim não podia de maneira alguma suportar os sofrimentos da Paixão. Por fim, graças à luz do Céu, compreendeu por que razão a divina Providência lhe enviara uma visão assim: não era pelos martírios do corpo que devia transformar-se na figura de Cristo crucificado, mas através do amor que incendeia a alma.
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