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sábado, 6 de agosto de 2011

LITURGIA DO DIA - 06/08



Sábado



Transfiguração do Senhor – festa



Festa da Igreja : Transfiguração do Senhor


Transfiguração do Senhor


A Festa da Transfiguração do Senhor remonta ao século V, no Oriente. Na Idade Média estendeu-se por toda Igreja Universal, especialmente com o papa Calisto III. O episódio foi relatado pelos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas. Presentes estavam os apóstolos Pedro, João e Tiago. Jesus transfigurou-se diante deles, seu corpo ficou luminoso e resplandecentes as suas vestes. Com isto, Jesus quis manifestar aos discípulos que Ele era realmente o Filho de Deus, enviado pelo Pai. Jesus é o cumprimento de todas as promessas de Deus; é Deus connosco, a manifestação da ternura e da misericórdia do Pai entre os homens. A sua paixão e morte não serão o fim, mas tudo recobrará sentido quando Deus Pai o ressuscitar e o fizer sentar-se à Sua direita, na Sua glória. Tudo isto é dito de uma maneira plástica - luz, brancura, glória, nuvem ... que indicam a presença de Deus.O caminho necessário para a ressurreição é, contudo, o caminho da cruz, da paixão e morte, da entrega total de Sua vida pelo perdão dos pecados


Santo do dia : S. Justo, estudante, mártir, +304


LEITURAS


Livro de Daniel 7,9-10.13-14.


«Continuava eu a olhar, até que foram preparados uns tronos, e um Ancião sentou-se. Branco como a neve era o seu vestuário, e os cabelos da cabeça eram como de lã pura; o trono era feito de chamas, com rodas de fogo flamejante. Corria um rio de fogo que jorrava da parte da frente dele. Mil milhares o serviam, dez mil miríades lhe assistiam. O tribunal reuniu-se em sessão e foram abertos os livros. Contemplando sempre a visão nocturna, vi aproximar-se, sobre as nuvens do céu, um ser semelhante a um filho de homem. Avançou até ao Ancião, diante do qual o conduziram. Foram-lhe dadas as soberanias, a glória e a realeza. Todos os povos, todas as nações e as gentes de todas as línguas o serviram. O seu império é um império eterno que não passará jamais, e o seu reino nunca será destruído.»


Livro de Salmos 97(96),1-2.5-6.9.


O SENHOR é rei: alegre se a terra e rejubile a multidão das ilhas! Ele está rodeado de nuvens e escuridão; a justiça e o direito são a base do seu trono. As montanhas derretem-se, como cera, diante do Senhor de toda a terra. Os céus proclamam a justiça de Deus e todos os povos contemplam a sua grandeza. Porque Tu, SENHOR, és soberano em toda a terra, estás muito acima de todos os deuses. Alegrai-vos , ó justos, no Senhor e louvai o seu nome santo.


Evangelho segundo S. Mateus 17,1-9.


Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e levou-os, só a eles, a um alto monte. Transfigurou-se diante deles: o seu rosto resplandeceu como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Nisto, apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele. Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: «Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.» Ainda ele estava a falar, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e uma voz dizia da nuvem: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o.» Ao ouvirem isto, os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados. Aproximando-se deles, Jesus tocou-lhes, dizendo: «Levantai-vos e não tenhais medo.» Erguendo os olhos, os discípulos apenas viram Jesus e mais ninguém. Enquanto desciam do monte, Jesus ordenou-lhes: «Não conteis a ninguém o que acabastes de ver, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.»


Comentário ao Evangelho do dia feito por São João Damasceno (c. 675-749), monge, teólogo, doutor da Igreja Homilia sobre a Transfiguração; PG 96, 545

«'Este é o Meu Filho muito amado' [...] E temos assim mais confirmada a palavra dos profetas» (2Pe 1,17-19)

Hoje é o abismo da luz inacessível. Hoje, no monte Tabor, a efusão infinita do relâmpago divino resplandece diante dos apóstolos. Hoje, Jesus Cristo manifesta-Se como Senhor da Antiga e da Nova Aliança [...]. Hoje, no monte Tabor, Moisés, o legislador de Deus, o chefe da Antiga Aliança, assiste como um servo a seu mestre, Cristo, sendo ele o donatário da Lei. E reconhece o seu desígnio, a que outrora tinha sido iniciado por prefigurações; é o que significa, quanto a mim, ver Deus «por detrás» (Ex 33,23). Agora ele vê claramente a glória da divindade, abrigado «na cavidade do rochedo» (Ex 33,22), mas «esse rochedo era Cristo» (1Cor 10,4), como Paulo expressamente ensinou: o Deus encarnado, Verbo e Senhor [...].Hoje, o chefe da Nova Aliança, que tinha proclamado Cristo como Filho de Deus ao dizer «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16), vê o chefe da Antiga Aliança, que está junto do donatário de uma e de outra, e que lhe diz: «Está aqui Aquele que é. Aqui está Aquele de quem eu disse que suscitaria um Profeta como eu (Ex 3,14; Dt 18,15; Act 3,22) – como eu enquanto homem e enquanto chefe do povo novo, mas superior a mim e a toda a criatura, Ele que nos dá, a mim e a ti, as duas Alianças, a Antiga e a Nova» [...]Vinde então, obedeçamos ao profeta David! Cantemos a nosso Rei, cantemos a nosso Rei, cantemos! «Ele é o Rei de toda a terra» (Sl 46,7-8). Cantemos com sabedoria: cantemos com alegria [...]. Cantemos também ao Espírito «que tudo penetra, até às profundidades de Deus» (1 Co 2,10), ao vermos, nesta luz do Pai que é o Espírito que tudo ilumina, a luz inacessível, o Filho de Deus. Manifesta-se hoje o que olhos de carne não podem ver: um corpo terrestre resplandecente de esplendor divino, um corpo mortal transbordante da glória da divindade. [...] As coisas humanas tornam-se as de Deus, e as coisas divinas, as do homem.


Fonte: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

LITURGIA DO DIA - 05/08


Sexta-feira da 18ª semana do Tempo Comum




Santo do dia : Beato Guilherme Horn, monge cartuxo, mártir, +1540, Santo Osvaldo, rei, +642


LEITURAS


Livro de Deuteronómio 4,32-40.


Moisé falou ao seu povo dizendo: «Na verdade, interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra. Pergunta se jamais houve, de uma extremidade à outra do céu, coisa tão extraordinária como esta, ou se jamais se ouviu coisa semelhante. Sabes, porventura, de algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando do meio do fogo, como tu ouviste, e tenha continuado a viver? Algum experimentou Deus a escolher para si um povo dentre outros povos, por meio de milagres, sinais e prodígios, combatendo com mão forte e braço estendido, com terríveis portentos, conforme tudo o que fez por vós o Senhor, vosso Deus, no Egipto, diante dos teus olhos? Tu viste e ficaste a conhecer que Ele, o Senhor, é Deus e que não há outro além dele. Do céu, fez-te ouvir a sua voz para te instruir; sobre a terra, mostrou-te a grandeza do seu fogo, e tu ouviste as palavras vindas do meio do fogo. E, porque amou os teus antepassados e escolheu a sua descendência depois deles, tirou-te do Egipto com a força do seu grande poder: desalojou, à tua frente, povos mais numerosos e mais fortes do que tu para te introduzir nas suas terras e dar-tas em herança, como acontece hoje. Reconhece, agora, e medita no teu coração, que só o Senhor é Deus, tanto no alto do céu como em baixo, sobre a terra, e que não há outro. Cumprirás, pois, as suas leis e os seus mandamentos, que eu hoje te prescrevo, para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e para que se prolongue a tua existência sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dará para sempre».


Livro de Salmos 77(76),12-13.14-15.16.21.


Tenho na memória os teus feitos, SENHOR, lembro me das tuas maravilhas de outrora. Penso em todas as tuas obras, medito nos teus prodígios. Ó Deus, os teus caminhos são santos. Que Deus haverá tão grande como Tu? Tu és o Deus que realiza maravilhas, manifestaste entre as nações o teu poder. Com a força do teu braço resgataste o teu povo, os descendentes de Jacob e de José. Conduziste o teu povo como um rebanho, pela mão de Moisés e de Aarão.


Evangelho segundo S. Mateus 16,24-28.


Naquele tempo, Jesus disse, então, aos discípulos: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Ou que poderá dar o homem em troca da sua vida? Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme o seu procedimento. Em verdade vos digo: alguns dos que estão aqui presentes não hão-de experimentar a morte, antes de terem visto chegar o Filho do Homem com o seu Reino.»


Comentário ao Evangelho do dia feito por São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja Vida de S. Francisco, Legenda Major, cap. 13


«Se alguém quiser vir Comigo [...] tome a sua cruz e siga-Me»


Dois anos antes da sua morte, Francisco percebeu que depois de ter imitado a Cristo durante a vida, devia agora também imitá-Lo na Sua Paixão. Isto em nada o assustou, tanto mais que, transportado para Deus pelos desejos dum arrebatamento absolutamente seráfico e transformado pela compaixão n'Aquele que, «pelo amor imenso» (Ef 2,4), quis ser crucificado, enquanto rezava numa certa manhã na encosta da serra que se chama Monte Alverne, por alturas da Festa da Exaltação da Santa Cruz, viu descer do céu um serafim com seis asas resplandecentes como lume. De uma assentada chegou perto do homem de Deus, e uma pessoa apareceu então por entre as suas asas: era alguém crucificado, com os braços e as pernas estendidos e pregados a uma cruz.Esta visão mergulhou Francisco no mais profundo assombro, uma vez que no seu coração se misturavam a tristeza e a alegria. Rejubilava com o olhar benevolente com o qual se viu estimado por Cristo na figura dum serafim, mas aquela crucifixão trespassava a sua alma de dor e de compaixão como uma espada (Lc 2,35). Desse modo, essa visão maravilhosa mergulhou-o na mais alta perplexidade, até porque sabia que um ser imortal como um serafim não podia de maneira alguma suportar os sofrimentos da Paixão. Por fim, graças à luz do Céu, compreendeu por que razão a divina Providência lhe enviara uma visão assim: não era pelos martírios do corpo que devia transformar-se na figura de Cristo crucificado, mas através do amor que incendeia a alma.


Fonte: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

LITURGIA DO DIA - 04/08

Quinta-feira da 18ª semana do Tempo Comum






Livro de Números 20,1-13.



Naqueles dias, toda a comunidade dos filhos de Israel chegou ao deserto de Cin, no primeiro mês, e o povo instalou-se em Cadés. Ali morreu Maria e ali foi sepultada. Como a comunidade não tinha água, amotinaram-se contra Moisés e Aarão. O povo começou a discutir com Moisés, dizendo: «Oxalá tivéssemos perecido com os nossos irmãos diante do Senhor! Porque conduzistes a comunidade do Senhor a este deserto? Foi para morrermos aqui com os nossos rebanhos? E porque nos tirastes do Egipto? Foi para nos fazer vir para este lugar mau, que não é lugar de sementeiras, nem de figueiras, nem de vinhas, nem de romãs, nem de água para beber?» Moisés e Aarão afastaram-se da comunidade, dirigiram-se à porta da tenda da reunião e inclinaram-se de rosto por terra. Apareceu-lhes então a glória do Senhor. E o Senhor disse a Moisés: «Toma a tua vara e convoca a assembleia. Tu e Aarão, teu irmão, falareis ao rochedo diante de todos, e ele dará as suas águas; farás jorrar para eles água do rochedo e darás de beber à assembleia e seus rebanhos.» Moisés tomou a vara que estava diante do Senhor, como Ele lhe tinha ordenado. Moisés e Aarão convocaram a comunidade para diante do rochedo, e ele falou-lhes: «Ouvi, rebeldes! Porventura, deste rochedo poderemos fazer jorrar água para vós?» Moisés levantou a mão e bateu com a sua vara duas vezes no rochedo. Jorrou, então, tanta água que a assembleia e seus rebanhos puderam beber. O Senhor disse a Moisés e a Aarão: «Porque vós não acreditastes em mim, para provardes a minha santidade diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta comunidade na terra que lhes vou dar.» Estas são as águas de Meribá, onde os filhos de Israel discutiram com o Senhor e Ele lhes mostrou a sua santidade.



Livro de Salmos 95(94),1-2.6-7.8-9.



Vinde, exultemos de alegria no SENHOR, aclamemos o rochedo da nossa salvação. Vamos à sua presença com hinos de louvor, saudemo-Lo com cânticos jubilosos. Vinde, prostremo nos por terra, ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. Ele é o nosso Deus e nós somos o seu povo, as ovelhas por Ele conduzidas. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: "Não endureçais os vossos corações, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, quando os vossos pais me provocaram e me puseram à prova, apesar de terem visto as minhas obras.



Evangelho segundo S. Mateus 16,13-23.



Naquele tempo, ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.» Depois, ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que Ele era o Messias. A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar. Tomando-o de parte, Pedro começou a repreendê-lo, dizendo: «Deus te livre, Senhor! Isso nunca te há-de acontecer!» Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: «Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um estorvo, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens!»



Comentário ao Evangelho do dia feito por Beato John Henry Newman (1801-1890), teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra Sermões sobre os temas do dia, nº 6, «Fé e Experiência», 2.4


«Sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; e as portas do abismo nada poderão contra ela.»


Outrora, era uma fonte de perplexidade para quem crê, como lemos nos salmos e nos profetas, ver que os maus tinham êxito onde os servos de Deus pareciam fracassar. E o mesmo se passa ao tempo do Evangelho. E no entanto a Igreja possui este privilégio especial, que mais nenhuma outra religião tem, de saber que, tendo sido fundada aquando de primeira vinda de Cristo, não desaparecerá antes do Seu regresso.Contudo, em cada geração, parece que sucumbe e que os seus inimigos triunfam. O combate entre a Igreja e o mundo tem isto de particular: parece sempre que o mundo a vence, mas é Ela que de facto ganha. Os seus inimigos triunfam constantemente, dizendo-a vencida; os seus membros perdem frequentemente a esperança. Mas a Igreja permanece. [...] Os reinos fundam-se e desmoronam-se; as nações espraiam-se e desaparecem; as dinastias começam e terminam; os príncipes nascem e morrem; as coligações, os partidos, as ligas, os ofícios, as corporações, as instituições, as filosofias, as seitas e as heresias fazem-se e desfazem-se. Elas têm o seu tempo, mais a Igreja é eterna. E contudo, no seu tempo, elas parecerem ter uma grande importância. [...]Neste momento, muitas coisas põem a nossa fé à prova. Não vemos o futuro; não vemos que o que parece agora ter êxito não durará muito tempo. Hoje, vemos filosofias, seitas e clãs alastrarem, florescentes. A Igreja parece pobre e impotente. [...] Peçamos a Deus que nos instrua: temos necessidade de ser ensinados por Ele, estamos cegos. Quando as palavras de Cristo puseram os apóstolos à prova, eles pediram-Lhe: «Aumenta a nossa fé» (Lc 17.5). Procuremo-Lo com sinceridade: nós não nos conhecemos; temos necessidade da Sua graça. Qualquer que seja a perplexidade a que o mundo nos induza [...], procuremo-Lo com um espírito puro e sincero. Peçamos humildemente que nos mostre o que não compreendemos, que suavize o nosso coração quando ele se obstina, que nos dê a graça de O amarmos e de Lhe obedecermos fielmente na nossa procura.



Fonte: Evangelho Quotidiano


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

LITURGIA DO DIA - 03/08



Quarta-feira da 18ª semana do Tempo Comum








LEITURAS




Livro de Números 13,1-2.25-33.14,1.26-29.34-35.




Naqueles dias, O Senhor falou a Moisés, no deserto de Parã:«Manda homens para explorar a terra de Canaã, que Eu hei-de dar aos filhos de Israel; enviarás um homem por cada tribo da casa de seus pais, todos dentre os principais.» Ao fim de quarenta dias, regressaram de explorar a terra. Vieram ter com Moisés e Aarão e com toda a assembleia dos filhos de Israel no deserto de Paran, em Cadés. Transmitiram-lhes a informação e todo o testemunho, mostrando-lhes o fruto da terra. Contaram, dizendo: «Fomos à terra aonde nos enviastes; lá, em verdade, corre leite e mel, e estes são os seus frutos. Todavia, o povo que habita nessa terra é bastante forte, tem cidades muito grandes amuralhadas, e até lá vimos os descendentes de Anac. Amalec habita na terra do Négueb, os hititas, os jebuseus, os amorreus habitam na montanha e os cananeus habitam junto ao mar e na margem do Jordão.» Caleb fez calar o povo que murmurava contra Moisés e disse: «Subamos e apoderemo-nos da terra, pois, sem dúvida, havemos de conseguir conquistá-la.» Mas os homens que tinham subido com ele disseram: «Não podemos atacar esse povo, porque é mais forte do que nós.» E contaram a má fama da terra que tinham explorado, dizendo aos filhos de Israel: «A terra que atravessámos para a explorar é terra que devora os seus habitantes e todo o povo que nela vimos é gente de grande estatura. Até lá vimos os gigantes, filhos de Anac, da raça dos gigantes; parecíamos gafanhotos diante deles e eles assim nos consideravam.» Levantou-se toda a assembleia a gritar e o povo chorou toda essa noite. O Senhor disse a Moisés e a Aarão: «Até quando terei de ouvir esta assembleia má a murmurar contra mim? Ouvi as murmurações que os filhos de Israel fazem continuamente contra mim. Dir-lhes-ás: ‘Como Eu sou vivo – oráculo do Senhor – segundo as palavras que vos ouvi dizer, assim mesmo vos farei. Neste deserto cairão os vossos cadáveres e todos os vossos recenseados de vinte anos para cima, que murmuraram contra mim. Conforme o número de dias em que explorastes a terra, quarenta dias, equivalendo cada dia a um ano, haveis de carregar durante quarenta anos as vossas iniquidades e reconhecereis o meu desagrado’. Eu, o Senhor, declaro: Hei-de fazer isto a toda esta assembleia má que se revoltou contra mim neste deserto. Aqui acabarão e morrerão!’»




Livro de Salmos 106(105),6-7a.13-14.21-22.23.




Pecámos, como os nossos pais, fomos ímpios e pecadores. Os nossos pais, quando estavam no Egipto, não entenderam as tuas maravilhas Depressa esqueceram as suas obras e não confiaram nos seus planos. Cederam aos seus instintos, no deserto, e provocaram a Deus, no descampado. Esqueceram a Deus, que os salvara, que realizara prodígios no Egipto, maravilhas do país de Cam, feitos gloriosos no Mar dos Juncos. Deus decidiu aniquilá-los. Moisés, porém, seu escolhido, intercedeu junto dele, para acalmar a sua ira destruidora.




Evangelho segundo S. Mateus 15,21-28.




Naqueles dias, Jesus partiu dali e retirou-se para os lados de Tiro e de Sídon. Então, uma cananeia, que viera daquela região, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio.» Mas Ele não lhe respondeu nem uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-lhe com insistência: «Despacha-a, porque ela persegue-nos com os seus gritos.» Jesus replicou: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.» Mas a mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: «Socorre-me, Senhor.» Ele respondeu-lhe: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorros.» Retorquiu ela: «É verdade, Senhor, mas até os cachorros comem as migalhas que caem da mesa de seus donos.» Então, Jesus respondeu-lhe: «Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se como desejas.» E, a partir desse instante, a filha dela achou-se curada.




Comentário ao Evangelho do dia feito por São Beda, o Venerável (c. 673-735), monge, Doutor da Igreja Homilia sobre os Evangelhos, I, 22: CCL 122, 156-160, PL 94, 102-105



«Ó mulher, grande é a tua fé; faça-se como desejas»



O Evangelho mostra-nos a grande fé, a paciência, a perseverança e a humildade da Cananeia. [...] Esta mulher era dotada de uma paciência verdadeiramente fora do comum. Ao seu primeiro pedido, o Senhor não responde uma palavra. Apesar disso, longe de cessar de rezar, ela implora-Lhe com redobrada insistência o socorro da Sua bondade. [...] Vendo o ardor da nossa fé e a tenacidade da nossa perseverança na oração, o Senhor acabará por ter piedade de nós e conceder-nos-á o que desejamos.A filha da Cananeia era «atormentada por um demónio». Uma vez expulso o nefasto desassossego dos nossos pensamentos e desfeitos os nós dos nossos pecados, a serenidade do espírito voltará a nós, bem como a possibilidade de agirmos correctamente. [...] Se, a exemplo da Cananeia, perseverarmos na oração com uma firmeza inabalável, a graça do nosso Criador ser-nos-á concedida; ela corrigirá todos os nossos erros, santificará tudo o que é impuro, pacificará toda a agitação. Porque o Senhor é fiel e justo. Perdoar-nos-á os nossos pecados e purificar-nos-á de toda a mancha, se gritarmos por Ele com a voz vigilante do nosso coração.




Fonte: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 2 de agosto de 2011

LITURGIA DO DIA - 02/08



Terça-feira da 18ª semana do Tempo Comum



Santo do dia : Santo Eusébio de Vercelli, bispo, +370, Beato Pedro Fabro, presbítero, +1564, S. Pedro Julião Eymard, presbítero, +1868, Beato João de Rieti, religioso, eremita, +1350, Beata Joana de Aza, mãe de S. Domingos, +1190, S. Gaudêncio de Évora, mártir, séc. II?




LEITURAS




Livro de Números 12,1-13.




Naqueles dias, Maria e Aarão falaram contra Moisés por causa da mulher etíope que ele tinha tomado, por ter desposado uma etíope; e disseram: «Acaso foi só a Moisés que o Senhor falou? Não falou também a nós?» Ora o Senhor ouviu. Na realidade, Moisés era um homem muito humilde, mais que todos os homens que há sobre a face da terra. Subitamente, o Senhor disse a Moisés, a Aarão e a Maria: «Ide vós três à tenda da reunião.» E foram os três. O Senhor desceu na coluna da nuvem, pôs-se à entrada da tenda e chamou Aarão e Maria. Aproximaram-se, e Ele disse: «Escutai bem as minhas palavras. Se existisse entre vós um profeta, Eu, o Senhor, manifestar-me-ia a ele numa visão. Eu me daria a conhecer em sonhos, falaria com ele. Não é assim com o meu servo Moisés? Eu estabeleci-o sobre toda a minha casa! Falo com ele frente a frente, à vista e não por enigmas; ele contempla a imagem do Senhor! Como é que não tivestes medo de falar contra o meu servo, contra Moisés?» A ira do Senhor inflamou-se contra eles e afastou-se. Retirou-se a nuvem de cima da tenda; e eis que Maria se encontrou coberta de lepra como neve. Aarão voltou-se para Maria e viu-a coberta de lepra. Disse Aarão a Moisés: «Por favor, meu senhor, não nos faças suportar esse pecado que cometemos e de que somos culpados. Que ela não seja como alguém que sai já morto do ventre de sua mãe e com a carne meio consumida.» Moisés suplicou ao Senhor: «Ó Deus, por favor, cura-a!»




Livro de Salmos 51(50),3-4.5-6a.6bc-7.12-13.




Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade; pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado. Lava-me de toda a iniquidade; purifica-me dos meus delitos.Reconheço as minhas culpas e tenho sempre diante de mim os meus pecados. Contra ti pequei, só contra ti, fiz o mal diante dos teus olhos; Por isso é justa a tua sentença e recto o teu julgamento.Eis que nasci na culpa e a minha mãe concebeu-me em pecado. Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito. Não me afastes da tua presença, nem me prives do teu santo espírito!




Evangelho segundo S. Mateus 15,1-2.10-14.




Naquele tempo, aproximaram-se, então, de Jesus alguns fariseus e doutores da Lei, vindos de Jerusalém e disseram-lhe: «Porque transgridem os teus discípulos a tradição dos antigos? Pois não lavam as mãos antes das refeições.» Jesus chamou, depois, a multidão para junto de si e disse-lhes: «Escutai e tratai de compreender! Não é aquilo que entra pela boca que torna o homem impuro; o que sai da boca é que torna o homem impuro.» Os discípulos aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Sabes que os fariseus ficaram escandalizados, por te ouvirem falar assim?» Ele respondeu: «Toda a planta que não tenha sido plantada por meu Pai celeste será arrancada. Deixai-os: são cegos a conduzir outros cegos! Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão nalguma cova.»




Comentário ao Evangelho do dia feito por Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo Homilia 1 sobre o Levítico; PG 12,405 (cf SC 286)



«São cegos a conduzir outros cegos»



Quando, nos últimos dias, o Verbo de Deus nasceu de Maria revestido de carne e Se mostrou neste mundo, aquilo que se via d'Ele era outra coisa que não aquela que a inteligência podia discernir. Ver a Sua carne era evidente para todos, mas o conhecimento da Sua divindade era dado apenas a alguns. Do mesmo modo, quando o Verbo de Deus Se dirige aos homens através da lei antiga e dos profetas, apresenta-Se coberto com as vestes adequadas. Na Sua encarnação, vestiu-Se de carne; nas Sagradas Escrituras, está vestido com o véu das letras. O véu das letras é comparável à Sua humanidade, e o sentido espiritual da Lei à Sua divindade. No livro do Levítico encontramos os ritos do sacrifício, as diversas vítimas, o serviço litúrgico dos sacerdotes [...]; bem-aventurados os olhos que vêem o Espírito divino oculto no interior do véu. [...]«Quando alguém se vira para o Senhor, diz o apóstolo Paulo, o véu é tirado, pois onde está o Espírito do Senhor há liberdade» (2Cor 3,17). É, portanto, ao próprio Senhor, ao próprio Espírito Santo, que devemos rezar para que Ele Se digne remover toda a obscuridade e que possamos contemplar em Jesus o admirável sentido da Lei, como aquele que disse: «Abri os meus olhos para que possa contemplar as maravilhas da Vossa Lei» (Sl 118,18).




Fonte: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

LITURGIA DO DIA - 01/08


Segunda-feira da 18ª semana do Tempo Comum




Livro de Números 11,4b-15.


A população que estava no meio deles, deixou-se arrastar pela concupiscência e também os filhos de Israel se puseram a chorar, dizendo: «Quem nos dará carne para comer? Lembramo-nos do peixe que comíamos de graça no Egipto, dos pepinos, dos melões, dos alhos porros, das cebolas e dos alhos. Agora, a nossa garganta está seca; não há nada diante de nós senão maná.» O maná era como a semente do coentro e o seu aspecto como o bdélio. O povo espalhava-se a apanhá-lo e moía-o em moinhos ou pisava-o em almofarizes; cozia-o em panelas e fazia bolos; tinha o sabor de tortas com gordura de azeite. Quando o orvalho caía de noite sobre o acampamento, o maná também caía. Moisés ouviu o povo chorar agrupado por famílias, cada uma à entrada da sua tenda. Mas a ira do Senhor inflamou-se muito e Moisés sentiu o mal perto de si. Então Moisés falou ao Senhor: «Porque atormentas o teu servo? Porque é que não encontrei graça diante de ti, a ponto de pores todo este povo como um peso sobre mim? Acaso fui eu que concebi todo este povo? Fui eu que o dei à luz, para me dizeres: ‘Leva-o ao colo, como a ama leva a criança de peito, até à terra que prometeste a seus pais?’ Onde arranjarei carne para dar a todo este povo que chora junto de mim, dizendo: ‘Dá-nos carne para comer!’ Eu sozinho não consigo suportar todo este povo, porque é demasiado pesado para mim! Se me queres tratar assim, dá-me antes a morte; se encontrei graça diante de ti, que eu não veja mais a minha desgraça!»


Livro de Salmos 81(80),12-13.14-15.16-17.


Mas o meu povo não quis ouvir me; Israel não quis obedecer. Por isso, entreguei os à sua obstinação; deixei os seguir os seus caprichos. Se o meu povo me tivesse escutado! Se Israel tivesse seguido os meus caminhos! Num instante, Eu humilharia os seus inimigos e castigaria os seus adversários. Os inimigos do SENHOR arrastar-se-iam diante dele; mas a sua sorte está traçada para sempre. Alimentaria o meu povo com a flor do trigo e saciá-lo-ia com o mel silvestre."


Evangelho segundo S. Mateus 14,22-36.


Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali só. O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!» Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.» «Vem» disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» E, quando entraram no barco, o vento amainou. Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!» Após a travessia, pisaram terra em Genesaré. Ao reconhecerem-no, os habitantes daquele lugar espalharam a notícia por toda a região. Trouxeram-lhe todos os doentes, suplicando-lhe que, ao menos, os deixasse tocar na orla do seu manto. E todos aqueles que a tocaram, ficaram curados.


Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers e doutor da Igreja Comentário do Evangelho de São Mateus, 14, 15; SC 258
«Salva-me, Senhor!»


O facto de Pedro, de entre todos os passageiros da embarcação, ousar responder e pedir ao Senhor que lhe dê ordem para ir por sobre as águas até Si, indica já a disposição do seu coração no momento da Paixão. Momento em que, sozinho, seguindo os passos do Senhor e desprezando as agitações do mundo, comparáveis às do mar, O acompanhou com igual coragem para desprezar a morte. Mas a falta de segurança de Pedro revela a sua fragilidade na tentação que o esperava: pois, embora tivesse ousado avançar, afundou-se. A fraqueza da carne e o medo da morte obrigaram-no à fatalidade da negação. No entanto, solta um grito e pede a salvação ao Senhor. Tal grito é a voz gemebunda do seu arrependimento. [...]Há, em Pedro, uma coisa que devemos considerar: ele excedeu todos os outros na fé, porque, enquanto estavam na ignorância, foi ele o primeiro a responder: «Tu és [...] o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16). Foi o primeiro a rejeitar a Paixão, pensando que era uma infelicidade (Mt 16,22); foi o primeiro a prometer que havia de morrer e que não renegaria (Mt 26,35); foi o primeiro a recusar que lhe lavassem os pés (Jo 13,8); e também desembainhou a espada contra os que se acercavam do Senhor para O prender (Jo 18,10). A calma do vento e do mar, amainados depois de o Senhor ter subido à embarcação, é apresentada como a paz e a tranquilidade da Igreja eterna na sequência do Seu glorioso regresso. Porque então Ele há-de vir, manifestando-Se, como naquele momento em que um justo espanto fez que todos dissessem: «Tu és, verdadeiramente, o Filho de Deus». Todos os homens darão então o testemunho claro e público de que o Filho de Deus deu a paz à Igreja, já não na humildade da carne, mas na glória do céu.

Fonte: Evangelho Quotidiano

domingo, 31 de julho de 2011

LITURGIA DO DIA - 31/07/2011



18º Domingo do Tempo Comum - Ano A








LEITURAS


Livro de Isaías 55,1-3.


Eis o que diz o Senhor: «Todos vós que tendes sede, vinde beber desta água. Mesmo os que não tendes dinheiro, vinde, comprai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, que é de graça. Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta? E o vosso salário naquilo que não pode saciar-vos? Se me escutardes, havereis de comer do melhor, e saborear pratos deliciosos. Prestai-me atenção e vinde a mim. Escutai-me e vivereis. Farei convosco uma aliança eterna, e a promessa a David será mantida.


Livro de Salmos 145(144),8-9.15-16.17-18.


O Senhor é clemente e compassivo, é paciente e cheio de bondade. o Senhor é bom para com todos a suamesiricórdia se estende a todas as suas obras. Todos têm os olhos postos em ti, e, a seu tempo, Tu lhes dás o alimento. Abres com largueza a tua mão e sacias os desejos de todos os viventes. SENHOR é justo em todos os seus caminhos e misericordioso em todas as suas obras. O SENHOR está perto de todos os que o invocam, dos que o invocam sinceramente.


Carta aos Romanos 8,35.37-39.


Irmãos. Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso.


Evangelho segundo S. Mateus 14,13-21.


Naquele tempo, quando Jesus ouviu que João Baptista tinha sido morto, retirou-Se dali sozinho num barco, para um lugar deserto; mas o povo, quando soube, seguiu-O a pé, desde as cidades. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio de misericórdia para com ela, curou os seus enfermos. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Este sítio é deserto e a hora já vai avançada. Manda embora a multidão, para que possa ir às aldeias comprar alimento.» Mas Jesus disse-lhes: «Não é preciso que eles vão; dai-lhes vós mesmos de comer.» Responderam: «Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.» «Trazei-mos cá» disse Ele. E, depois de ordenar à multidão que se sentasse na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu e pronunciou a bênção; partiu, depois, os pães e deu os aos discípulos, e estes distribuíram-nos pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e, com o que sobejou, encheram doze cestos. Ora, os que comeram eram uns cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.


Comentário ao Evangelho do dia feito por Papa Bento XVI Exortação apostólica «Sacramento da Caridade», 88 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)


«Dai-lhes vós mesmos de comer»


«O pão que Eu hei-de dar é a Minha carne que Eu darei pela vida do mundo» (Jo 6,51). Com estas palavras, o Senhor revela o verdadeiro significado do dom da Sua vida por todos os homens; as mesmas mostram-nos também a compaixão íntima que Ele sente por cada pessoa. Na realidade, os Evangelhos transmitem-nos muitas vezes os sentimentos de Jesus para com as pessoas, especialmente doentes e pecadores (Mt 20,34; Mc 6,34; Lc 19,41). Ele exprime, através dum sentimento profundamente humano, a intenção salvífica de Deus, que deseja que todo o homem alcance a verdadeira vida. Cada celebração eucarística actualiza sacramentalmente a doação que Jesus fez da Sua própria vida na cruz, por nós e pelo mundo inteiro. Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós testemunhas da compaixão de Deus por cada irmão e irmã; nasce assim, à volta do mistério eucarístico, o serviço da caridade para com o próximo, que «consiste precisamente no facto de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem conheço sequer. Isto só é possível realizar-se a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo a tocar o sentimento. Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo» [Bento XVI, Encíclica «Deus Caritas est», 18] Desta forma, nas pessoas que contacto, reconheço irmãs e irmãos, pelos quais o Senhor deu a Sua vida amando-os «até ao fim» (Jo 13,1). Por conseguinte, as nossas comunidades, quando celebram a Eucaristia, devem consciencializar-se cada vez mais de que o sacrifício de Jesus é por todos; e, assim, a Eucaristia impele todo o que acredita n'Ele a fazer-se «pão repartido» para os outros e, consequentemente, a empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno. Como sucedeu na multiplicação dos pães e dos peixes, temos de reconhecer que Cristo continua, ainda hoje, exortando os Seus discípulos a empenharem-se pessoalmente: «Dai-lhes vós de comer» (Mt 14,16). Na verdade, a vocação de cada um de nós consiste em ser, unido a Jesus, pão repartido para a vida do mundo.


Fonte: Evangelho Quotidiano