Santa Juliana nasceu em 1270 e morreu em 1341. Aos 14 anos recebeu o hábito da Ordem Terceira da Congregação dos Servitas, fundada por seu tio Santo Alexis Falconieri. O hábito e mais tarde a profissão foram-lhe dadas por São Felipe Benício, que veio a falecer pouco depois, não sem antes ter recomendado a Congregação à jovem freira. Juliana dedicou-se com afinco à organização da Congregação. Em 1304, o papa Bento XI transformou a Congregação numa ordem religiosa da qual Juliana se tornou Superiora. Apesar do cargo, procurava os serviços mais humildes. No convento, Juliana pôde dedicar-se à ascese espiritual baseada numa vida de intensa oração e de constante penitência. Além disso, dedicava-se aos pobres e aos doentes, que curava ao contacto com suas mãos. Acometida por uma doença no estômago, no final de sua vida já não conseguia alimentar-se, nem mesmo receber a Eucaristia. Na hora da morte estendeu-se por terra com os braços em cruz e pediu que lhe colocassem a Santa Hóstia sobre o peito. Assim que foi depositada, a hóstia desapareceu misteriosamente e Juliana morreu dizendo: "Meu doce Jesus". Ao ser preparada para a sepultura, encontrou-se sobre o seu coração a marca da hóstia como um selo, com a imagem de Jesus crucificado. Em memória desse acontecimento, as religiosas da sua ordem trazem a imagem de uma hóstia no escapulário.
Leitura do Livro do Eclesiástico:
Livro de Salmos 97(96),1-2.3-4.5-6.7
- Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
- Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
- Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
- Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
- Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

Aclamação (Rm 8,15b)
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Pai-Nosso
No evangelho de hoje, Jesus ensina-nos como rezar e a oração mais perfeita e mais bela. Em primeiro lugar, faz uma breve catequese, dizendo-nos para não imitar os pagãos, isto é, a importunar a Deus com longas rezas cheias de um palavreado oco. A oração deve brotar do íntimo do nosso coração diretamente ao Pai celeste, que, de antemão, conhece bem nossas necessidades, antes mesmo de lhas formularmos. A seguir propõe o grande modelo de oração, o Pai-nosso, com suas sete petições segundo S. Mateus (cinco segundo S. Lucas 11, 1 ss). As três primeiras referem-se diretamente à gloria de Deus, a quem começamos por chamar Pai nosso: santificação do seu nome, isto é, de sua Pessoa; vinda do seu Reino ao mundo dos homens e cumprimento da sua vontade na terra como no céu.
A segunda parte do Pai-nosso contém quatro outras petições cujo proveito é nosso: o pão de cada dia, isto é, o sustento material, o pão da palavra e o pão eucarístico; o perdão de nossas ofensas a Deus, condicionado ao perdão que concedermos aos irmãos; a perseverança no estado de graça perante as tentações do demônio, em cada dia e, sobretudo, na grande prova final dos crentes perante o assalto do maligno, para não renegar a fé católica; finalmente, vermo-nos livre de todo o mal para podermos servir fielmente a Deus e ao próximo em todos e cada um dos dias de nossa vida.
No final do evangelho, ainda volta à quinta petição, ressaltando a importância do perdão e, portanto, da reconciliação fraterna. Porque Deus nos perdoa gratuita e pessoalmente todos os nossos pecados, devemos obrigatoriamente imitá-lo nessa generosidade divina, perdoando ao irmão que nos ofendeu. Com o perdão acontece a mesma coisa que com o amor: assim como temos de amar os outros com o amor com que Deus Pai nos ama em Cristo, assim temos de perdoar com amor com que Deus nos perdoa. Pois ele dá-nos com a sua graça e o seu Espírito o ser e o agir, o poder o querer fazer o bem.
* * *
É verdadeiramente luminoso o modo como o nosso querido Papa, Bento XVI, em seu livro "Jesus e Nazaré" nos leva a interpretar a mais bela oração. Escutemos um instante suas palavras paternais:
"Antes de entrarmos na interpretação de cada uma das partes, vejamos agora brevemente a estrutura do Pai Nosso, tal como Mateus no-la transmitiu. Consiste numa invocação inicial e sete petições. Três destas são formuladas na segunda pessoa, quatro na primeira pessoa do plural. As três primeiras petições dizem respeito à própria causa de Deus neste mundo; as quatro seguintes referem-se às nossas esperanças, necessidades e dificuldades. Poder-se-ia comparar a relação entre os dois tipos de petições do Pai Nosso com a relação que existe entre as duas tábuas do Decálogo, que, no fundo, são explicações das duas partes do Decálogo, que, no fundo, são explicações das duas partes do principal mandamento - o amor a Deus e o amor ao próximo -, instruções para o caminho do amor.
Assim, no Pai Nosso, afirma-se antes de mais nada o primado de Deus, do qual deriva naturalmente a preocupação pela justa forma de ser do homem. Também aqui se trata em primeiro lugar no caminho de conversão. Para que o homem possa rezar corretamente, deve estar na verdade. E a verdade é: "primeiro Deus, o reino de Deus" (Mt 6, 33). Sobretudo, devemos sair de nós mesmos e abrir-nos a Deus. Nada pode ficar direito, se não estamos situados na reta ordem com Deus. Por isso, o Pai Nosso começa por Deus e, a partir dEle, conduz-nos pelos caminhos do nosso ser homens. No fim, inclinamo-nos até à última ameaça que grava sobre o homem, por trás da qual se esconde o Maligno; pode aflorar em nós a imagem do dragão apocalíptico que faz guerra aos homens que "guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Ap. 12, 17).
Mas continua sempre presente o princípio: "Pai Nosso". Sabemos que Ele está conosco, conserva-nos na sua mão e nos salva. O Padre Hans-Peter Kolvenbach, no seu livro de Exercícios Espirituais, conta a história de um staretz ortodoxo que insistia "em fazer entoar o Pai Nosso sempre a partir da última palavra, para se tornarem dignos de terminar a oração com as palavras iniciais: "nosso Pai". Deste modo - explicava o staretez - segue-se o caminho pascal: "Começa-se no deserto com a tentação, regressa-se ao Egito, depois percorre-se a estrada do Êxodo com as estações do perdão e do maná de Deus e chega-se pela vontade de Deus à terra prometida, o reino de Deus, onde ele nos comunica o mistério do seu Nome: "nosso Pai".
Ambos os caminhos - o ascendente e o descendente - podem recordar-nos que o Pai Nosso é sempre uma oração de Jesus e que esta se nos manifesta a partir da comunhão com Ele. Rezamos ao Pai celeste, que conhecemos através do Filho; e assim, no horizonte das petições, está sempre Jesus como veremos nas respectivas explicações. Finalmente, dado que o Pai Nosso é uma oração de Jesus, é uma oração trinitária: com Cristo pelo Espírito Santo rezamos ao Pai".
Nunca deveria desaparecer dos nossos lábios a oração do Pai-nosso, sobretudo nos momentos auge da vida familiar, comunitária e pessoal, como faz a liturgia da Igreja. É a oração mais excelente que imaginar se possa, ao mesmo tempo que a mais fácil e simples, a mais profunda e ecumênica, a mais viva e atual. Pois tem por autor o próprio Cristo. Foi a única "fórmula" de oração que Jesus nos ensinou. Mas é muito mais que uma fórmula para recitar, é todo um modo de vida para os filhos de Deus, é um convite à entrega total à vontade do Pai, a fim de que o seu reinado se manifeste plenamente em nós.
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